19/05/2020

O valor dos investimentos iniciais feitos pelos novos entrantes também caiu, o que também corrobora a entrada de pessoas menos endinheiradas

Que a bolsa de valores brasileira está ganhando cada vez mais investidores não é novidade. Porém, cada vez mais pessoas com menos dinheiro estão investindo.

Segundo dados da B3, em 2018 o saldo mediano dos investidores pessoas físicas era de R$ 19 mil. Em março deste ano, porém, esse número caiu para R$ 8 mil, um tombo de 58% no período.

“Essa atração de novos investidores é bastante importante porque as pessoas físicas trazem resiliência para o mercado financeiro. São compradores que ficam com as ações em um tempo considerável”, afirma Tarcísio Morelli, diretor de inteligência de mercado da B3.

Segundo o executivo, o valor dos investimentos iniciais feitos pelos novos entrantes também caiu, o que também corrobora a entrada de pessoas menos endinheiradas.

“Falando do saldo mediano no primeiro mês, vemos que em janeiro de 2014 tínhamos como primeiro investimento algo em torno de R$ 3.500. Tivemos meses em que o mediano foi de R$ 6 mil. E ao longo do tempo, vemos que esse saldo mediano vai caindo. Então, estamos atraindo para a base investidores de porte cada vez menor. E tivemos em março o investimento mediano de R$ 1.600. Essa é a primeira exposição no mercado de renda variável”, afirma o executivo.

Ainda de acordo com Morelli, dentre os novos investidores, mais pessoas efetivamente negociam na bolsa, com pelo menos uma operação ao mês. “Em 2011, tínhamos cerca de 500 mil investidores, até 2016 ficamos em torno desse número. Desse total, as pessoas que efetivamente estavam negociando, com pelo menos um negócio ao mês, eram 100 mil investidores. Agora, esse número vem aumentando, em 2017 pula pra 200 mil. Em 2019, para 500 mil. E em março foi 1,3 milhão de investidores negociando”, afirma.

Felipe Paiva, diretor de produtos da B3, ainda afirma que poucos são os investidores que fazem day-trade (operações diárias). Ele afirma que a maioria dos novos entrantes são pessoas que investem pensando em prazos maiores.

“Temos movimentos pouco recorrentes de investidores que realizam o day-trade. Os novos investidores são pessoas que colocam parte dos recursos em bolsa e aguardam acontecimentos para a tomada de novas decisões. São poucos os que realizam day-trade de forma recorrente”, afirma.

Fonte: Valor Investe