Por que o Copom insiste na taxa de 15%?
Rodrigo Azevedo, sócio‑fundador da Ibiúna Investimentos, afirma que o Banco Central sinalizou—na última reunião—que não haverá novas altas na Selic e que ela será mantida em 15% por um período longo, estimando umas quatro a seis próximas decisões monótonas até o fim do ano.
“Não vai ter muita emoção. E a comunicação é que vai ficar parada por longo período” — Azevedo
Segundo ele, a razão é simples: com o câmbio, a dinâmica fiscal e o crescimento atuais, seria necessário uma taxa ainda mais alta para convergir a inflação à meta. Então o BC decidiu “esperar para ver” se o patamar de 15% será suficiente.
E quando é que começam os cortes?
A avaliação-base da Ibiúna é que a Selic só comece a ser reduzida a partir de dezembro de 2025, mas Azevedo vê isso como improvável. O mais provável, segundo ele, seria março de 2026, com a Selic a 13% ao ano.
Projeções divergentes de casas como XP (12,5%) ou Kapitalo (11%) mostram que há incerteza sobre até onde os ajustes vão baixar em 2026
O que isso significa para a economia e investidores?
A) Para a economia:
Juros reais continuam em nível elevado, coisa que não víamos há décadas — e mesmo assim, a desaceleração econômica não aparece. Isso é preocupante em um país com dívida pública alta.
Azevedo aponta que a política monetária perde eficácia na presença de crédito subsidiado e transferências de renda: ela exige juros mais altos para segurar a inflação no cenário atual.
B) Para investimentos:
Nível alto da Selic favorece fortemente a renda fixa, especialmente títulos pós-fixados atrelados ao CDI e Tesouro IPCA+.
Na opinião de Azevedo, a curva de juros curta do Brasil está mais assimétrica — “esteriliza” riscos, já que seria necessário um movimento drástico para alterar o cenário. Por isso, títulos de curto prazo podem ser mais seguros.
Investidores mais ousados analisam oportunidades no exterior, aproveitando queda de juros lá fora e valorização de moedas locais.
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interativo: qual é o seu perfil de investimento?
☐ Conservador: Prefere renda fixa e segurança.
☐ Moderado: Gosta de diversificar entre renda fixa e ações.
☐ Agressivo: Investe mais em bolsas e oportunidades globais.
👉 Se você marcou “Conservador”:
A Selic persistente em 15% mantém Tesouro Selic, CDBs CDI+ e títulos IPCA+ curtos como opções preferenciais.
👉 Moderado:
Vale equilibrar renda fixa com ações defensivas e diversificar entre indexadores (prefixado, pós-fixado, IPCA+).
👉 Agressivo:
Olhar para ativos globais pode trazer oportunidades interessantes, especialmente se mercados exteriores começarem a baixar os juros e suas moedas se valorizarem frente ao real.
📌 Fique de olho nesses gatilhos
1. Comunicação do Copom: mudanças sutis no texto sinalizam futuro corte.
2. Inflação corrente e expectativa para 2026: evolução dos dados do IPCA.
3. Trajetória do câmbio: a cotação do dólar afetará inflação e política monetária.
4. Decisões fiscais e crédito subsidiado: se houver expansão, isso pode abrir espaço para juros ainda mais altos.
Conclusão — por que isso importa?
Se o cenário de “Copoms chatos” se mantiver, com Selic em 15% por vários meses, estamos falando de:
Renda fixa em alta, com retornos reais atrativos (cerca de 10% real, considerando inflação de 5%).
Pouca tração na economia, mesmo com juros elevados.
Sinais de corte apenas a partir de 2026, sem pressa por parte do BC.
Importância da comunicação do BC como guia para decisões futuras.