25/03/2020
Cenário Internacional
EUA – O PIB dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 2,1% no 4T2019, fechando o ano a uma taxa de 2,3%, a pior dos últimos três anos.
Com a epidemia do coronavírus, esperamos retração do PIB em 2020. Para tentar contrabalancear seus efeitos, o Fed já colocou a taxa de juros no intervalo entre 0 e 0,25%.
EU – Para a zona do Euro, o crescimento para 4T2019 foi de 0,1%. Projetamos que o PIB de 2020 recue no bloco também como resultado da epidemia de coronavírus, que já fez com que governos e Bancos Centrais da região colocassem medidas fiscais e de afrouxamento monetário visando minimizar os impactos econômicos das paralisações.
Cenário Político
Intensidade nas declarações marcam relação do Planalto com o Congresso
• Ímpeto do Congresso Nacional no que diz respeito à agenda de votações coloca o protagonismo do parlamento em alta. Importante salientar que a ausência de maioria por parte de Jair Bolsonaro junto ao Legislativo e as reclamações de membros do governo enfraquecem uma agenda que venha especificamente do presidente. As derrotas em Medidas Provisórias e a derrubada de vetos são ações e ameaças que podem levar ao adensamento de conflitos
• Em meio às tensões associadas às dificuldades de uma Reforma Administrativa avançar, o ministro Paulo Guedes se mostrou tenso e ameaçou, como em outras vezes, deixar o governo. Conversa com o presidente Bolsonaro para aparar arestas foi necessária, mas há quem diga que o descontentamento de Guedes é grande. A prometida proposta ainda não foi enviada, o que deve ocorrer em março. Volume de servidores públicos representado no Congresso é imenso, e esforço será hercúleo, talvez maior que o despendido na Previdência
• Importante acompanhar o que serão as manifestações de 15 de março em apoio ao governo Bolsonaro, e parte delas contrárias ao STF e ao Congresso Nacional – Rodrigo Maia será o alvo maior. A tensão seria apoiada pelo Planalto, o que enfurece a oposição e mostra tensão. Bolsonaro se queixa do desejo de os parlamentares quererem fatias mais robustas, vetadas por ele, em regramento do orçamento. A questão central é que com a minoria que possui no Congresso o raio de ação do presidente é curto, assim como sua paciência com a situação
• Percepção de que o Brasil está minimamente preparado para o enfrentamento da questão do Coronavirusexiste, e o ministro Mandetta, por enquanto, está fortalecido. As críticas recaem sobre o fato de que a disseminação do sarampo e das doenças ligadas ao Aedes aegypti é muito mais significativa à realidade brasileira
PIB
• A 4E revisou a projeção para o PIB de 2020 de +2,3% para 0,0%. A revisão considera os impactos do avanço do coronavírus e uma paralisação parcial com duração de 75 dias

• Para janeiro, a PIM registrou alta de 0,9% em relação ao mês anterior, na série dessazonalizada. Na abertura observamos que 17 das 26 atividades pesquisadas apontaram crescimento na produção

• Na margem, Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em fevereiro teve queda de -2,9% em termos dessazonalizados. Em contrapartida, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) cresceu 0,7%, sobre ganho de 1,5% do mês anterior. Em certa medida, o ganho reflete otimismo com o avanço da agenda de reformas
PIB Regional
•O resultado do PIB regional na média móvel trimestral terminada em dezembro/2019 trouxe resultados negativos para 7 unidades federativas
•A região Centro-Oeste (-0,8%) foi a única que apresentou resultado negativo. Pela ponta positiva, destaque foi para o Norte (2,0%), o maior resultado dentre as grandes regiões.

•No crescimento acumulado em 12 meses até dezembro/2019, 10 UFs apresentam estabilidade ou resultado negativo
•Maior crescimento em 12 meses é observado, atualmente, no Nordeste (1,6%) e menor no Centro-Oeste (0,9%)
Mercado de Trabalho
• A PNADc do trimestre móvel encerrado em janeiro apontou recuo de 0,4 p.p. na taxa de desemprego em relação ao trimestre encerrado em outubro e ficou em 11,2%. Em termos dessazonalizados, a taxa se manteve praticamente estável em relação a dezembro

• Em dezembro, o Caged registrou destruição líquida de 307,3 mil postos formais, contra 334,4 mil vagas registradas no mesmo mês do ano anterior. Na série livre de efeitos sazonais, verifica-se criação de 76,9 mil vagas formais, em aceleração frente aos 74,5 mil registrados em novembro

• Com isso, o Caged encerrou 2019 com 559,6 mil postos formais criados, superior à marca de 2018 (421,0 mil vagas)
Inflação
• O IPCA de fevereiro trouxe inflação de 0,25%, resultado acima do esperado pelo mercado
• No acumulado em 12 meses, a inflação foi de 4,01%

• Na desagregação, observa-se que o grupo que mais pressionou o indicador foi Educação, que contribuiu com 0,23 p.p., o que está relacionado a reajustes geralmente ocorridos no início do ano letivo
• O IGP-M de fevereiro registrou deflação de 0,04%, ante +0,48% em janeiro

• O destaque do mês ficou por conta do IPA-M, cuja variação saiu de 0,50% para -0,19%. O indicador refletiu baixa do óleo diesel (-9,78% ante 3,15%) e carne bovina (-8,08% ante -3,15%)
Política Monetária
• Em sua reunião de março, o Copom decidiu a reduzir a taxa básica de juros em 0,5 p.p., levando a Selic de 4,25% para 3,75%

• Conforme enfatizado no Comunicado, a queda está ligada à expectativa dos efeitos do coronavírus sobre a economia, e tem motivado outras ações do BC no sentido de ampliar a liquidez e garantir o bom funcionamento do sistema financeiro

• Ainda a Ata trouxe argumentos para a flexibilização adicional em meio à pandemia. Considerando o cenário desafiador, projetamos que a Selic a 3,0% ao fim do ano e não descartamos a possibilidade de reuniões extraordinárias
Política Fiscal
•A arrecadação tributária e previdenciária de janeiro foi bastante positiva, quebrando sequência de resultados fracos do final de 2019, mas a alta foi conduzida por fatores atípicos
•Neste contexto, o resultado mensal do Governo Central foi muito superior ao do mesmo mês do ano anterior (R$ 44,1 bilhões ante R$ 30,0 bilhões)

• Apesar de esforço notável em aumentar a arrecadação pautado em fatores atípicos, as despesas ainda são o maior empecilho para o governo que teria pouca folga para cumprir o teto dos gastos em 2020

•No entanto, com o decreto de calamidade pública, visando minimizar efeitos da pandemia de coronavírus, abre-se a possibilidade para que o governo amplie seus gastos sem se submeter às amarras da meta fiscal ou do teto de gastos
Taxa de Câmbio
•Ambiente externo conduziu a maior parte do movimento recente de depreciação do real. Dólar tem se apreciado globalmente por força de movimento de aversão a risco, algo que está relacionado aos efeitos do coronavírus sobre a atividade econômica global

•No âmbito doméstico, a aprovação da reforma da Previdência permitiu uma reacomodação do câmbio em patamar mais brando por pouco tempo

•No curto prazo, o Banco Central continua atuando no combate à volatilidade, o que é bastante razoável diante dos custos associados a não-intervenção e do grande volume de reservas que o BC tem disponível para tal
Fonte: 4E Consultoria