18/05/2020
Cenário Internacional
EUA – O PIB dos EUA caiu a uma taxa anualizada de 4,8% no 1º tri, o pior resultado desde o 4º tri de 2008. Com a pandemia do coronavírus, esperamos retração do PIB em 2020. Para tentar contrabalancear seus efeitos, o Fed já colocou a taxa de juros em zero e medidas fiscais também foram lançadas.
UE – Para a zona do Euro, o 1T2020 teve queda de 3,8% comparado ao 4T2019 no dado dessazonalizado. Projetamos que o PIB de 2020 recue no bloco também como resultado da pandemia, que já fez com que governos e Bancos Centrais da região colocassem medidas fiscais e de afrouxamento monetário visando minimizar os impactos econômicos das paralisações, as quais agora começam a ser flexibilizadas
Cenário Político
Efeito Corona no universo político e mudanças no governo
Apesar da pandemia, ao longo dos últimos 45 dias Bolsonaro participou diretamente de manifestações populares que, inclusive, pediam o fechamento do STF e do Congresso Nacional. Questionado sobre o viés antidemocrático das ações, se defendeu dizendo que as pessoas são livres para se expressarem, apontado que não pode conter “infiltrados”. Sua atitude, no entanto, azedou o humor de apoiadores e colocou em questão sua legitimidade como presidente que jurou a CF88 por parte de diversos setores da sociedade.
• Ademais, a Polícia Federal e a CPI das Fakenews fecham o cerco sobre os filhos do presidente. Flávio é investigado por envolvimento em uma série de crimes atrelados à gestão de seus gabinetes e à corrupção. Eduardo teria envolvimento com fakenews e Carlos estaria associado ao mesmo tema, assim como ao que se chamou de gabinete do ódio – central de disseminação de notícias instalada no Palácio do Planalto. O MPF pediu investigação de deputados governistas envolvidos nos atos de rua contrários à democracia.
• Para completar, o pedido de demissão de Sério Moro (Justiça) trouxe denúncias associando Bolsonaro a uma tentativa de uso pessoal, ou governamental, da Polícia Federal – um organismo de Estado. As acusações levaram a pedidos de investigação por parte do STF, que chegou a suspender, de forma questionável, a nomeação do novo chefe da organização, que seria pessoalmente ligado à família do presidente.
• Importante destacar que saída de Moro rompe com um dos cinco pilares destacados desde 2019 pela 4E que davam sustentação a um governo de conflito e em conflito. O exjuiz era um troféu que Bolsonaro sustentava para um frágil posicionamento pessoal contra a corrupção. A figura de Moro se mostrou apagada no poder, mas ele legitimava seu líder. A 4E divulgou dois textos exclusivos para seus clientes entre 24 e 27 de abril sobre os fatos. Com isso, ala ideológica e ala militar ganham força
PIB
• A 4E revisou a projeção para o PIB de 2020 de -2,3% para -6,1%. A revisão considera os impactos do avanço do coronavírus e uma paralisação parcial até final de junho.

• Para março, a produção industrial registrou queda de 9,1% em relação ao mês anterior na série dessazonalizada. Na abertura observamos que 23 das 26 atividades pesquisadas apontaram queda na produção.

• Na margem, Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em abril teve queda de 27,4 p.p. em termos dessazonalizados. Na mesma tendência, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 40,3 p.p. A perda reflete pessimismo com o surto de coronavírus no país.
PIB REGIONAL
• O resultado do PIB regional na média móvel trimestral terminada em fevereiro/2020 trouxe resultados negativos para 18 unidades federativas
•A região Sul e Sudeste (-1,3%) foram as que tiveram pior resultado. A menor retração foi no Norte, que registrou – 0,2%.

•No crescimento acumulado em 12 meses até fevereiro/2020, 10 UFs apresentam resultado negativo.
•Maior crescimento em 12 meses é observado, atualmente, no Norte (2,0%) e menor no Centro-Oeste (0,6%).
MERCADO DE TRABALHO
• A PNADc do trimestre móvel encerrado em março apontou recuo de 0,5 p.p. na taxa de desemprego em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, ficando em 12,2%.

• Em termos dessazonalizados, a taxa foi para 11,7%, ligeira alta em comparação a fevereiro (11,5%).

• Ainda em março, o rendimento real acusou alta de 0,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
• Já para a massa de rendimentos, no mesmo período houve o crescimento de 1,5%.
INFLAÇÃO
• O IPCA de abril trouxe deflação de 0,31%, queda mais intensa para a série desde agosto de 1998.
• No acumulado em 12 meses, a inflação é de 2,40%.
• O grupo que mais pressionou negativamente foi Transportes, que contribuiu com -0,54 p.p., particularmente por causa da dinâmica de Combustíveis (-9,59%).

• O IGP-M de abril registrou inflação de 0,80%, ante 1,24% em março.
• O destaque do mês ficou por conta do IPA-M, cuja variação saiu de 1,76% para 1,12%. O indicador refletiu baixa de gasolina automotiva (-32,69% ante -6,61%) e óleo diesel (-15,77% ante -9,26%).

POLÍTICA MONETÁRIA
• Em sua reunião de maio, o Copom decidiu a reduzir a taxa básica de juros em 0,75 p.p., levando a Selic de 3,75% para 3,00%.

• Conforme enfatizado no Comunicado, a queda está ligada à expectativa dos efeitos da pandemia sobre a economia, e tem motivado outras ações do BC no sentido de ampliar a liquidez e garantir o bom funcionamento do sistema financeiro.

• Ainda, a Ata trouxe argumentos para a flexibilização adicional em meio à pandemia. Considerando o cenário desafiador, projetamos que a Selic seja reduzida para 2,50% na próxima reunião e se mantenha nesse patamar até o final do ano.
POLÍTICA FISCAL
• A arrecadação tributária e previdenciária teve resultado fraco no mês de março, já refletindo a queda da atividade.
• Neste contexto, o resultado mensal do Governo Central foi negativo em R$ 21,2 bilhões, semelhante ao do mesmo mês do ano passado.

• Com o decreto de calamidade pública, visando minimizar efeitos da pandemia de coronavírus, abrese a possibilidade para que o governo amplie seus gastos sem se submeter às amarras da meta fiscal ou do teto de gastos.
• O grande risco é que parte do aumento de despesas tenha caráter permanente, afetando, então, a capacidade de estabilização da dívida pública no futuro.

TAXA DE CÂMBIO
• Ambiente externo conduziu a maior parte do movimento recente de depreciação do real. Dólar tem se apreciado globalmente por força de movimento de aversão a risco, algo que está relacionado aos efeitos do coronavírus sobre a atividade econômica global.

• Neste sentido, o patamar atual da cotação reflete o momento de pânico, devendo voltar a níveis mais baixos quando os fundamentos voltarem a ocupar os holofotes.

• No curto prazo, o Banco Central continua atuando no combate à volatilidade, o que é bastante razoável diante dos custos associados a não intervenção e do grande volume de reservas que o BC tem disponível para tal.
Fonte: Radar 4E