17/01/2020
Cenário Internacional
EUA – O PIB dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 2,1% no terceiro trimestre, pouco acima do ritmo de 2% auferido no segundo trimestre. Os dados surpreenderam positivamente o mercado. Os gastos do governo juntamente com gastos dos consumidores foram importantes para tal resultado
EU – Para a zona do Euro, o diagnóstico do BCE segue sendo de continuação de pressões inflacionárias reduzidas e de uma fraca dinâmica de crescimento, não obstante alguns sinais iniciais de estabilização do abrandamento do crescimento e um ligeiro aumento da inflação subjacente
Cenário Político
Governo acuado por denúncias contra familiares intensifica agressões
• Acusações recentes de corrupção contra Flávio Bolsonaro adensaram a acidez das declarações do presidente da República. Jair Bolsonaro se revoltou com as ações da justiça contra seu filho senador, acusando o governo do Rio de Janeiro de estar envolvido na ação. O destaque foi uma entrevista para a revista Veja onde, inclusive, sugere que Gustavo Bebbiano teve relação com o atentado de 06 de setembro de 2018 em Juiz de Fora, pois estaria magoado por não ter sido escolhido como vice. A reação veio rapidamente: o ex-aliado afirmou que não ficará quieto, irá à justiça e contará o que sabe acerca da relação de familiares do presidente com milícias.
• Na guerra do PSL, Eduardo Bolsonaro retoma liderança do partido e tem sua punição suspensa pela justiça. Para a determinação do líder de um partido na Câmara conta sempre a lista mais atual de posicionamento de parlamentares favoráveis a um determinado nome.
• Carlos Bolsonaro volta às redes sociais de sua maneira tradicional e critica comunicação do governo. Ademais, sofre ataques de ex-aliados que estão no PSL. Dos Estados Unidos o astrólogo Olavo de Carvalho ataca militares e deputados eleitos pela diteita sem “bagagem ideológica” para ocuparem o poder. A forma de agir dos aliados de Bolsonaro se mantém absolutamente intensa na forma agressiva de discursar e atacar, sobretudo no universo virtual. No Natal, a sede do Porta dos Fundos foi atacada, e simpatizantes de Bolsonaro são acusados. A intensidade das relações políticas tem instigado a pauta da imprensa, que busca um discurso de equilíbrio
• Bolsonaristas acreditam na capacidade de o Aliança pelo Brasil ficar pronto antes de abril, o que permitiria à legenda participar das eleições municipais. O presidente não é tão otimista.
PIB
• A 4E revisou a projeção para o PIB de 2019 de 0,9% para 1,3%. A revisão considerou o resultado acima das expectativas no dado do 3º tri (+0,6%, em termos dessaz.)

• Para novembro, a PIM apontou recuo de 1,2% em relação ao mês anterior, na série dessazonalizada. Na abertura observamos que houve retração generalizada nas grandes categorias e em 16 das 26 atividades pesquisadas

• Na margem, os indicadores de confiança em dezembro caminharam no mesmo sentido positivo. Enquanto a confiança do consumidor (ICC) avançou 3,0% a da indústria (ICI) cresceu 3,3%. A melhora da confiança reflete o ganho de otimismo recente em relação à economia, visto a aprovação da agenda de reformas.
PIB Regional
•O resultado do PIB regional na média móvel trimestral terminada em outubro/2019 trouxe resultados negativos para 7 unidades federativas
•A região Norte (+2,9%) apresentou o maior resultado dentre as grandes regiões. O PA (+3,4%) vem apresentando uma forte recuperação após um primeiro semestre mais fraco de atividade
•No crescimento acumulado em 12 meses até outubro/2019, 10 UFs apresentam estabilidade ou resultado negativo
•Maiores crescimentos em 12 meses são observados, atualmente, no Sul (1,5%) e no Centro-Oeste (1,1%%)

Mercado de Trabalho
• A PNADc de novembro apontou recuo de 0,4 p.p. na taxa de desemprego, que saiu de 11,6% no mês anterior para 11,2%. Em termos dessazonalizados, a taxa ficou em 11,6%, recuando em relação à outubro (11,9%)

• Em novembro, o Caged registrou criação líquida de 99,2 mil postos formais, contra 58,6 mil vagas registradas no mesmo mês do ano anterior, configurando o oitavo mês de criação positiva. Na série sem efeitos sazonais verifica-se criação de 74,0 mil vagas formais, em aceleração frente aos 54,8 mil registrados em outubro
• Os dados da PNADc, no que diz respeito ao setor formal do mercado de trabalho, começam a se alinhar com os do Caged, algo que não observamos no início do ano

Inflação
• O IPCA de dezembro trouxe inflação de 1,15%, acelerando frente a prévia do mesmo mês (+1,05%)
• O índice encerra o ano de 2019 com inflação de 4,31%, valor acima dos 3,75% registrados em 2018

• Na desagregação, observa-se que o grupo que mais pressionou o indicador foi Alimentação e Bebidas (3,38% ante 2,59%) com impacto de +0,83 ponto percentual
• O IGP-M de dezembro apresentou alta de 2,09%, ante 0,30% em novembro
• O destaque do mês ficou por conta do IPA-M, que registrou alta de 2,84%, frente aumento de 0,36% no mês anterior. O indicador refletiu a alta das carnes (+19,57% para o item Bovinos e +20,37% para Carne Bovina), que seguem pressionadas em razão da alta demanda chinesa

Política Monetária
• Na reunião de dezembro, o Copom decidiu novamente reduzir a taxa básica de juros em 0,50 pontos base, levando a Selic a 4,5% a.a.
• A decisão dá continuidade ao processo de afrouxamento monetário iniciado na reunião de 31 de julho, justificado pela evolução benigna do balanço de riscos para a inflação e avanços concretos na agenda de reformas

• Na nossa visão, a Ata indica uma disposição do Banco Central em manter a política monetária em patamar ainda mais estimulativo, de forma que esperamos mais uma queda de 25 pontos-base, o que levaria a Selic para 4,25%a.a.

Política Fiscal
•A arrecadação tributária e previdenciária de novembro foi novamente bastante modesta, similar a setembro e outubro, mas no ano a dinâmica segue mais positiva que a da atividade econômica

•Neste contexto, o resultado mensal do Governo Central foi pouco inferior ao do mesmo mês do ano anterior (R$ 16,5 bilhões ante R$ 16,2 bilhões), fruto de uma retração mais intensa das receitas líquidas que das despesas no mês, em comparação ao mesmo mês de 2018

• De todo modo, as despesas ainda são o maior empecilho para o governo que, mesmo com o relativo bom resultado, terá pouca folga para cumprir o teto dos gastos em 2019 e nos próximos anos
Taxa de Câmbio
•Ambiente externo conduziu a maior parte do movimento recente de depreciação do real. Dólar tem se apreciado globalmente por força de movimento de aversão a risco, algo que está relacionado às perspectivas de materialização da guerra comercial entre EUA e China
•No âmbito doméstico, a aprovação da reforma da Previdência permitiu uma reacomodação do câmbio em patamar mais brando por pouco tempo

•No curto prazo, o Banco Central continua atuando no combate à volatilidade, o que é bastante razoável diante dos custos associados a não-intervenção e do grande volume de reservas que o BC tem disponível para tal

Fonte: 4E Consultoria