16/04/2020
Cenário Internacional
EUA – O PIB dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 2,1% no 4T2019, fechando o ano a uma taxa de 2,3%, a pior dos últimos três anos.
Com a epidemia do coronavírus, esperamos retração do PIB em 2020. Para tentar contrabalancear seus efeitos, o Fed já colocou a taxa de juros e zero, bem como medidas fiscais foram lançadas
EU – Para a zona do Euro, o crescimento para 4T2019 foi de 0,1%. Projetamos que o PIB de 2020 recue no bloco também como resultado da epidemia de coronavírus, que já fez com que governos e Bancos Centrais da região colocassem medidas fiscais e de afrouxamento monetário visando minimizar os impactos econômicos das paralisações
Cenário Político
Bolsonaro: a ausência de um estadista ocasiona crise de liderança
• A pandemia desembarcou de forma intensa no Brasil, desmobilizando mercados e colocando grandes parcelas da sociedade em isolamento social. O presidente Jair Bolsonaro não assimilou as orientações e ao longo do mês intensificou discursos que trafegam em alta velocidade na contramão do que boa parte do mundo tem adotado. O alinhamento com o discurso do presidente Donald Trump durou pouco e o brasileiro afirmou que “nosso país é diferente”.
• Em diferentes pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV, no mês, o presidente oscilou recuos e agressões em relação a uma narrativa mais equilibrada de tratamento à pandemia.
• Além disso, elegeu como inimigos parcelas expressivas da mídia, a quem tem agredido sistematicamente, o Congresso e governadores. O paulista João Dória Jr é um dos alvos principais, e quem tem buscado se aproveitar politicamente dos ataques. Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, declarou que deixa de ser apoiador do Planalto. A Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre sugeriu que fossem às ruas testarem suas popularidades em tom de desafio.
• Bolsonaro se queixou do excesso de visibilidade do ministro da Saúde, ordenando que as coletivas sobre a pandemia fossem centralizadas pela Casa Civil – Mandetta se viu ameaçado no cargo. Ademais, criticou o afastamento de Sérgio Moro à narrativa do Planalto, e colidiu com Paulo Guedes no episódio da MP que tratava do não pagamento de salários pelas empresas a empregados por quatro meses – o governo recuou da decisão e alegou erro de redação.
• A população de algumas cidades reagiu com panelaços pedindo a saída do presidente. Em São Paulo sua impopularidade atingiu 48% de acordo com pesquisa Ibope divulgada dia 22.
PIB
• A 4E revisou a projeção para o PIB de 2020 de 0,0% para -2,3%. A revisão considera os impactos do avanço do coronavírus e uma paralisação parcial com duração de 75 dias.

• Para fevereiro, a PIM registrou alta de 0,5% em relação ao mês anterior na série dessazonalizada. Na abertura observamos que 15 das 26 atividades pesquisadas apontaram crescimento na produção.

• Na margem, Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em março teve queda de 7,6 p.p. em termos dessazonalizados. Na mesma tendência, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 3,9 p.p. Em certa medida, a perda reflete pessimismo com o surto de coronavírus no país.
PIB REGIONAL
• O resultado do PIB regional na média móvel trimestral terminada em janeiro/2020 trouxe resultados negativos para 15 unidades federativas.
•A região Sudeste (-2,5%) foi a que deteve pior resultado. Pela ponta positiva, destaque foi para o Norte (1,7%), o maior resultado dentre as grandes regiões.

•No crescimento acumulado em 12 meses até janeiro/2020, 9 UFs apresentam estabilidade ou resultado negativo.
•Maior crescimento em 12 meses é observado, atualmente, no Norte(1,9%) e menor no CentroOeste (0,3%).
MERCADO DE TRABALHO
• A PNADc do trimestre móvel encerrado em fevereiro apontou recuo de 0,4 p.p. na taxa de desemprego em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e ficou em 11,6%.

Em termos dessazonalizados, a taxa se manteve praticamente estável em relação a janeiro.

• Ainda em fevereiro, o rendimento real acusou queda de 0,25% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
• Já para a massa de rendimentos, no mesmo período houve o crescimento de 1,9%.
INFLAÇÃO
• O IPCA de março trouxe inflação de 0,07%, o menor resultado para o mês desde o Plano Real.
• No acumulado em 12 meses, a inflação foi de 3,30%.
• O grupo que mais pressionou foi Alimentação e Bebidas, que contribuiu com 0,22 p.p., já refletindo aumento na demanda decorrente do isolamento para conter o avanço do coronavírus.

• O IGP-M de março registrou inflação de 1,24%, ante -0,04% em fevereiro.
• O destaque do mês ficou por conta do IPA-M, cuja variação saiu de -0,19% para 1,76%. O indicador refletiu alta do minério de ferro (-9,73% ante -0,01%) e soja em grão (-5,03% ante -2,97%).

POLÍTICA MONETÁRIA
• Em sua reunião de março, o Copom decidiu a reduzir a taxa básica de juros em 0,5 p.p., levando a Selic de 4,25% para 3,75%.

• Conforme enfatizado no Comunicado, a queda está ligada à expectativa dos efeitos do coronavírus sobre a economia, e tem motivado outras ações do BC no sentido de ampliar a liquidez e garantir o bom funcionamento do sistema financeiro.

• Ainda, a Ata trouxe argumentos para a flexibilização adicional em meio à pandemia. Considerando o cenário desafiador, projetamos que a Selic atinja 3,0% ao fim do ano, e não descartamos a possibilidade de reuniões extraordinárias.
POLÍTICA FISCAL
• A arrecadação tributária e previdenciária teve resultado fraco no mês de fevereiro.
• Neste contexto, o resultado mensal do Governo Central foi negativo em R$ 25,9 bilhões, pouco mais profundo que mesmo mês do ano (R$ -18,2 bilhões).

• Apesar de esforço notável em aumentar a arrecadação, as despesas seriam o maior empecilho para o governo, que teria pouca folga para cumprir o teto dos gastos em 2020.
• No entanto, com o decreto de calamidade pública, visando minimizar efeitos da pandemia de coronavírus, abre-se a possibilidade para que o governo amplie seus gastos sem se submeter às amarras da meta fiscal ou do teto de gastos.

TAXA DE CÂMBIO
• Ambiente externo conduziu a maior parte do movimento recente de depreciação do real. Dólar tem se apreciado globalmente por força de movimento de aversão a risco, algo que está relacionado aos efeitos do coronavírus sobre a atividade econômica global.

• Neste sentido, o patamar atual da cotação reflete apenas o momento de pânico, devendo voltar a patamares mais baixos quando os fundamentos voltarem a ocupar os holofotes.

• No curto prazo, o Banco Central continua atuando no combate à volatilidade, o que é bastante razoável diante dos custos associados a não intervenção e do grande volume de reservas que o BC tem disponível para tal.
FONTE: 4E Consultoria