O mercado já esperava, e o Banco Central confirmou: nesta quarta-feira (21), a Selic – taxa básica de juros – foi mantida em 13,75% ao ano pela sétima reunião consecutiva. O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe uma ou outra indicação mais otimista, mas manteve termos como “cautela” e “parcimônia” em evidência.
“O grande destaque é o comunicado mais otimista em relação à reunião anterior, quando o documento até indicava possibilidade de alta de juros. Agora, o Banco Central excluiu do comunicado o risco de alta e ainda acrescentou que houve melhora no cenário internacional”, pontua Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings.
Enquanto os especialistas identificam boas oportunidades de investimento em títulos públicos, CDBs e papéis de crédito privado devido à taxa Selic no patamar em que se encontra, a poupança segue com o menor retorno entre as aplicações financeiras mais tradicionais. Com a Selic em 13,75% ao ano, o rendimento da caderneta é de 8,22% ao ano, mostra simulação da XP. Assim, uma aplicação de R$ 10 mil se transformaria em uma economia de R$ 10.822 um ano depois.
Desde 2012, sempre que a taxa básica de juros supera 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é fixada em 0,5% ao mês – ou 6,17% ao ano – mais a variação da TR (Taxa Referencial). Desde que a Selic avançou além desse nível pela última vez, em dezembro de 2021, é assim que seu retorno é calculado
Outro detalhe é que enquanto a Selic permanecer acima do ponto de corte, a remuneração da poupança fica estacionada, enquanto o retorno de outras aplicações pós-fixadas acompanha os aumentos dos juros – quando eles acontecem.
Quando a Selic cai abaixo de 8,5% anuais, o retorno da caderneta é de 70% da Selic mais TR.
CDB tem mais risco?
Muitos investidores mantêm recursos aplicados na poupança atraídos pela isenção do Imposto de Renda e por enxergarem a caderneta como uma aplicação supostamente sem risco. Porém, os depósitos na poupança estão expostos aos mesmos riscos que um CDB.
Trata-se do risco de crédito (possibilidade de inadimplência) do banco em que foram realizados.
A isenção de IR é um benefício da caderneta, mas dado seu formato de remuneração, é preciso considerar se a rentabilidade de fato compensa.
Em um CDB que rendesse o equivalente a 110% do CDI – indicador que sempre caminha muito próximo da própria Selic – o retorno do investidor seria maior. Em um ano, a aplicação de R$ 10 mil alcançaria um valor final de R$ 11.229 já considerando o desconto de 17,5% do Imposto de Renda.
Significa que mesmo não sendo isentos de tributação como a poupança, os CDBs disponíveis nas instituições financeiras podem render acima da caderneta.
Títulos públicos também rendem mais
Os títulos públicos, por sua vez, não contam com a proteção, mas como são emitidos pelo governo federal têm risco considerado dos mais baixos do mercado.
Num título pós-fixado, como o Tesouro Selic 2026, um investimento inicial de R$ 10 mil alcançaria R$ 11.109 depois de um ano. A conta é líquida de Imposto de Renda e também da taxa de custódia de 0,2% ao ano cobrada pela B3, que operacionaliza o programa Tesouro Direto.