09/06/2020
Amanhã tem início o período de silêncio dos dirigentes do BC antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá a taxa básica de juros, a Selic

O diretor de política econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, afirmou que, em momento de grandes choques na economia, como os causado pelas covid-19, os benefícios de fazer mudanças mais bruscas na taxa básica de juros compensam os riscos de uma postura mais conservadora.
“Entendo os custos, mas tenho que mirar na meta de [inflação] de 2021”, disse em ‘live’ promovida pelo Credit Suisse.
Kanczuk ponderou que há riscos em “chacoalhar” a Selic, como a possibilidade de gerar incertezas no mercado. “Tem papers que questionam isso, dizem que o mercado se adaptaria, mas é um ponto com que nos preocupamos”, afirmou.
No entanto, ele reforçou que, se não puder mexer rapidamente na política monetária, “acabo não cumprindo a meta”.
“Não posso errar minha meta, tenho meu mandato. Quero fazer a coisa suave, mas nem tanto” disse. “Esse é o arcabouço que estamos pensando.”
Impactos do dólar na inflação
Os impactos da variação cambial não apareceram na inflação nos últimos anos principalmente por causa do trabalho bem feito pelo Banco Central (BC), afirmou Kanczuk.
“O ‘pass-trough’ sempre esteve aí, mesmo quando parecia que não estava”, disse em ‘live’ promovida pelo Credit Suisse. “No passado recente, o câmbio andou para lá e para cá a e inflação [ficou] parada.”
Ele destacou a importância de o BC ponderar corretamente o “balanço” entre variações no câmbio e no preço das commodities e o impacto de ambos os fatores sobre a inflação. “Isso vai pegar nas nossas projeções”, disse.
Kanczuk ainda voltou a afirmar que o câmbio é flutuante e que a autoridade monetária não atuará para encontrar um patamar considerado ideal.
“Não faremos política pensando em nível de câmbio, atuaremos na disfuncionalidade e pensando nos efeitos práticos”, afirmou.
Fonte: Valor Investe