14/12/2020

A bolsa atingiu 3,2 milhões de investidores em novembro deste ano. Pesquisa feita pela B3 também mostrou que a participação de mulheres têm crescido

A bolsa atingiu 2,7 milhões de investidores em novembro deste ano. Uma pesquisa feita pela própria B3 com aproximadamente 1.300 investidores mostrou que a maioria deles tem foco no longo prazo e aprende sobre investimentos por meio de canais de YouTube e perfis de influenciadores.

De acordo com o levantamento, 74% dos investidores são homens. A participação das mulheres, no entanto, tem crescido de forma mais acentuada neste ano. O número de investidoras ficou em torno de 500 mil a 600 mil durante os último anos e, em 2020, chegou a 800 mil.

De acordo com o levantamento, 56% dos investidores têm uma renda mensal de até R$ 5 mil, 51% estão na região Sudeste e a média de idade é de 32 anos.

Influenciadores e YouTube

A pesquisa mostrou que 73% dos investidores aprendeu a investir por meio de canais do YouTube ou com influenciadores. Já 45% citaram plataformas on-line; 31% tiveram ajuda de amigos, 20% citaram a imprensa; 18%, podcasts; 9% aprenderam por meio de cursos presenciais; 7% com gerentes ou assessores financeiros e 1% por meio da rádio.

Dentre os entrevistados, 73% citaram que se informam sobre investimentos por meio da internet, 60% se informam por meio de influenciadores e canais no YouTube. Já 38% citaram e-mails, alertas, notificações dos bancos e corretoras; 36% se informam por meio das redes sociais; 34% por meio de grupos do WhatsApp ou Telegram; 27% por meio de assinaturas de relatórios de análises; 19% por recomendação de amigos e parentes; 14% por meio de recomendação de consultores ou assessores financeiros e 14% por meio de jornais e revistas.

A bolsa destacou, no entanto, a importância de os investidores “buscarem informações sobre os influenciadores e canais que se informam”. Recentemente, a própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM) soltou um comunicado sobre quem está autorizado a dar indicação de investimentos.

“As pessoas têm que buscar informações. Entrar na CVM, na B3, ver se estão autorizados, ir acompanhando e a partir daí ir seguindo sua maratona de investimentos”, afirma Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes da B3.

O levantamento mostrou que 39% dos entrevistados escolhem e analisam seus investimentos por meio de análises de influenciadores. Já 23% usam análises estruturadas de empresas especializadas. 18% disseram que fazem suas avaliações de outras formas ou que não fazem análises, 11% seguem orientações de amigos e familiares e 9% seguem orientações de assessores.

Longo prazo

Segundo a B3, a maioria das pessoas visa o longo prazo. As mais de 1,3 milhão de pessoas que entraram pela primeira vez no mercado neste ano têm uma permanência mais longa na B3 do que a vista nos anos anteriores.

Entre 25% a 30% dos investidores que entraram na bolsa em 2018 zeraram suas posições após seis meses. Em 2020, esse número caiu para 20% a 25%.

Questionados sobre o que os faria deixar a bolsa, 64% dos entrevistados afirmaram que resgataria apenas se precisasse do dinheiro, 28% sairiam por queda na rentabilidade, 27% sairiam por mudança na tributação ou legislação, 23% sairiam devido ao cenário econômico, 20% sairiam por aumento do risco, 7% cairiam por queda na bolsa. Má orientação do assessor foi citada por 3% e outras razões foram 16%.

Day trade

A pesquisa também mostrou que cerca de 65% de todas as operações de day trade realizadas no primeiro semestre deste ano estão concentradas em um grupo de cerca de 10 mil investidores. Isso mostra, segundo Paiva, que os novos investidores têm foco no longo prazo.

Perfis

A pesquisa mapeou ainda o tipo de perfil dos investidores da bolsa. Cerca de 18% têm um perfil mais conservador e são avessos a risco. Já 39% têm o perfil “realizador”, onde a liquidez é importante e o foco está em sempre se aprimorar. Outros 39% são “ousados”, assumem mais riscos e se envolvem mais ativamente nas decisões de investimentos.

Razões para investir

Questionados sobre o principal motivo para começar a investir, 38% disseram que “aprender e aplicar outras modalidades de investimento” foi a principal razão para buscar a bolsa.

O cenário de juros baixos, que faz com que a renda fixa dê menos retorno, também influenciaram os investidores: 33% citaram que estão buscando produtos com maior rentabilidade e 11% citaram a baixa remuneração da poupança e a queda na taxa de juros, 9% afirmaram que querem ampliar a carteira de investimentos e outros 9% citaram outros motivos e razões.

Correção: A B3 corrigiu uma informação que constava na nota publicada às 11h09. A bolsa brasileira tem 2,7 milhões de investidores, e não 3,2 milhões, como constava. Esse número de 3,2 milhões é o total de contas, mas um investidor pode ter mais de uma conta no seu CPF, quando opera por corretoras diferentes, por exemplo. O texto já foi corrigido.

Fonte: Valor Investe