Qualquer investidor faz aplicações visando cumprir a máxima de comprar na baixa e vender na alta. Na renda fixa, não é diferente – por mais que isso pareça não combinar muito com as características de ativos considerados conservadores.
Com a queda recente da remuneração dos ativos prefixados – aqueles que oferecem juros predefinidos desde o momento da aplicação – investidores que aproveitaram para comprá-los quando os juros estavam mais altos se perguntam se agora é um bom momento para vender os papéis, mesmo antes do vencimento, e lucrar com a chamada “marcação a mercado”.
Enquanto o Banco Central ainda elevava a taxa básica de juros (Selic), no segundo semestre do ano passado, as taxas dos prefixados acompanhavam o movimento e subiam. No Tesouro Direto, por exemplo, o título público prefixado com vencimento em 2026 chegou a entregar rentabilidade de 13,86% ao ano em 19 de dezembro – e não voltou mais a esse mesmo patamar desde então.
Nesta semana, o mesmo título entregava rentabilidade anual de 11,21%, a menor taxa desde abril do ano passado. Com a aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados na noite desta terça (23), o mercado espera que o ambiente fique propício para o início do ciclo de cortes na Selic.
Por isso, quem comprou o título com uma taxa de quase 14% ao ano tem nas mãos um papel valioso, já que não há perspectiva de que os juros dos títulos do Tesouro Direto voltem a esse nível tão cedo.
Tanto é assim que o preço desses papéis aumentou do fim de 2022 para cá. Se tivesse comprado R$ 10 mil em Tesouro Prefixado 2026 no dia 19 de dezembro (máxima no ano passado) e vendido os papéis na manhã hoje, um investidor obteria um retorno bruto de R$ 1.241,50 – ou 12,41% em cinco meses.
O Tesouro Prefixado 2029 entregaria um retorno ainda maior: R$ 1.729,60, ou 17,3% no período. Em 19 de dezembro, o título oferecia juros anuais de 13,68% na compra. Os cálculos, feitos a pedido do InfoMoney, são de Alexandre Yamamoto, analista de renda fixa da Levante.
Significa que, graças à “marcação a mercado”, os investidores poderiam conseguir ganho bruto entre 12,4% e 17,3% em apenas cinco meses com os títulos prefixados do Tesouro Direto, quando a taxa contratada originalmente variava entre 13,68% e 13,86% – ao ano.