Banco também retirou viés de revisão para baixo da expectativa de crescimento de 0,8% para a economia em 2019
Antes com viés negativo, agora a projeção preliminar do Itaú Unibanco para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre é de alta de 0,2%, na comparação com os três meses anteriores.
Com isso, o banco elimina também o viés de revisão para baixo em sua expectativa de crescimento de 0,8% para a economia em 2019. “Se o PIB do terceiro trimestre caísse de fato, ia ser difícil chegar ao 0,8% deste ano”, diz Luka Barbosa, economista do Itaú. Para manter manter a previsão de 0,8%, o quarto trimestre precisa registrar um crescimento entre 0,5% e 0,6%, acrescenta Barbosa.
A mudança na projeção para o período de julho a setembro foi impulsionada, por hora, pelos dados mais fortes do que o esperado nas vendas do varejo em julho e, sobretudo, nas receitas do setor de serviços, diz o economista.
No varejo ampliado — que inclui veículos e material de construção e entra na conta do PIB —, a alta foi de 0,7% no volume de vendas e 0,3% na receita nominal, em relação a junho. Já os serviços avançaram 0,8% em volume e 1,6% em receita.
“A projeção [de queda no terceiro trimestre] era bem preliminar e continua sendo preliminar, porque hoje temos menos da metade dos dados para projetar o PIB, então ainda pode mudar, mas os dados até agora reduzem o risco de baixa”, afirma Barbosa.
Segundo ele, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta sexta-feira, não entra na composição das projeções do banco. O índice caiu 0,16% em julho, na comparação dessazonalizada com o mês anterior.
Para agosto, o Itaú espera um peso negativo da indústria, que deve recuar 0,2%. “O componente de demanda mais importante para o setor de serviços é o consumo, que cresce, mas para o setor industrial é o investimento, que está relativamente parado”, afirma Barbosa.
Em relatório, o Itaú observa que as taxas de juros historicamente baixas e o crescimento do crédito privado para pessoas físicas e jurídicas contribuem positivamente para o crescimento. Por outro lado, a intensa desaceleração da economia global e a contração nas despesas discricionárias do governo (especialmente investimento) dificultam um crescimento mais rápido da economia brasileira.
A medida de crescimento subjacente do banco indica que a economia segue crescendo a uma taxa anualizada próxima de 1%, mesmo ritmo dos últimos dois anos, sem sinais de aceleração ou desaceleração na margem.
Com isso, o Itaú manteve não só a projeção do PIB para este ano, mas também a previsão de alta de 1,7% no ano que vem.
Inflação revista para baixo
O Itaú Unibanco reduziu a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste e do próximo ano.
Para 2019, a expectativa foi de 3,6% para 3,4%. A estimativa foi ajustada porque a inflação corrente está um pouco abaixo do esperado pelo banco. Para 2020, a projeção caiu de 3,6% para 3,5%, levando em conta a menor inércia inflacionária deste ano.
O Itaú observa que não foi incorporada às novas projeções as estimativas para o efeito da nova Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do IBGE. “Estimamos que a nova estrutura de ponderação para o IPCA traga um viés levemente deflacionário para as projeções de inflação de 2020 em diante”, diz o banco em seu relatório.
O banco manteve inalteradas as expectativas para a Selic ao fim de 2019 e 2020, ambas em 5%.,
Quanto ao câmbio, o Itaú considera que a depreciação de quase 9% do real em agosto tenha impacto limitado na inflação, dada a queda no preço de commodities que a acompanhou. “O impacto da depreciação recente do real foi praticamente compensado pela queda dos preços das principais commodities em dólar, em especial grãos, minério de ferro e petróleo. Assim, mesmo diante da desvalorização da moeda, o preço em reais desses insumos ficou praticamente inalterado, o que limita o impacto inflacionário (via câmbio) ou deflacionário (via preço de commodities)”.
As expectativas ancoradas e a grande ociosidade da economia contribuem para o comportamento da inflação. O banco estima que o hiato do produtor esteja entre quatro e cinco pontos percentuais. O hiato é a diferença entre o PIB potencial e o corrente.
Fonte: Valor Econômico