14/07/2020

Para seguir para os 110 mil deveria voltar para o múltiplo de 14 vezes o preço/lucro, que é historicamente alto para o Brasil e onde o índice estava no começo do ano, de acordo com David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America (BofA) no Brasil

O Ibovespa no patamar atual, em 100 mil pontos, não está barato, mas pode caminhar para 110 mil pontos. Para isso, é preciso diminuir as incertezas, principalmente relacionadas à pandemia do covid-19, segundo David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America (BofA) no Brasil.

“Os 100 mil implica em uma relação preço/lucro de 13 vezes para 2021. Para seguir para os 110 mil deveria voltar para o múltiplo de 14 vezes o preço/lucro, que é historicamente alto para o Brasil e onde estava no começo do ano”, diz.

Segundo Beker, em teleconferência com jornalistas realizada hoje (14), o cenário para a bolsa brasileira está ficando mais construtivo, mas a cautela segue presente.

“Construtivo na perspectiva de que poderia ser pior, mas o cenário ainda é ruim com queda do PIB [Produto Interno Bruto], desemprego e mortes pela covid”, diz.

Desta forma, o BofA mantém a projeção de Ibovespa em 100 mil pontos no cenário base para 2020 e de 110 mil pontos no cenário otimista.

“Quando se olha o comportamento do mercado, pode ir do cenário base para o otimista, mas é preciso continuar o processo de revisão de estimativas”, diz.

Enquanto isso, a volatilidade deve comandar o movimento na bolsa brasileira e em outros índices do mundo, segundo Beker, que aponta dois principais motivos para o investidor se preparar para a continuidade de fortes emoções.

O primeiro ponto, segundo ele, está na análise de valor mais elevado do que no ápice da crise, em março, que favorece movimentos de realização de lucros diante de notícias mais sensíveis.

O outro ponto é o cenário de incertezas, que permanece, junto do descolamento do índice da economia real.

“É difícil imaginar queda na volatilidade, dada a incerteza sobre o cenário, a espera da vacina, com temor de segunda onda e sem saber qual será a velocidade de recuperação”, afirma.

Fonte: Valor Investe