Fundo Verde, de Stuhlberger, aumenta aposta em ações brasileiras

Estratégia para o mercado americano também mudou no mês passado

No mundo dos fundos de investimentos, os investidores gostam de acompanhar alguns gestores renomados para saber no que estão apostando para a economia, para o câmbio, para o cenário internacional e também em que ações da bolsa de valores brasileira colocam as fichas.

Um deles é o Luis Stuhlberger, gestor do fundo multimercado Verde FIC FIM, hoje com R$ 1,3 bilhão de patrimônio (o fundo está fechado para captação) e sócio-fundador da Verde Asset, tem mais de R$ 40 bilhões sob gestão.

Desde sua criação, em 1997, o fundo Verde já deu 2.123% de retorno aos acionistas, um dos principais resultados do mercado de capitais brasileiro. E a principal aposta de Stuhlberger e equipe para o Verde agora é o mercado de ações do Brasil.

Retorno foi positivo, mas pior que o mercado

DesempenhoAgosto de 2019Acumulado de 2019
Verde0,18%8,79%
CDI0,50%4,18%

Fonte: Verde Asset

Na carta mensal sobre os erros e acertos do Verde FIM, Stuhlberger comentou as ações brasileiras estão com participação maior na carteira do fundo.

No total, o fundo deu 0,18% de retorno em agosto, contra 0,50% do CDI e -0,67% do Ibovespa, principal índice da bolsa. Só os investimentos em ações renderam 0,36% de retorno ao fundo, o que ajudou o fundo a fechar no azul.

Resultados do fundo Verde

AtivosRetorno em agostoAcumulado em 2019
Moedas0,03%0,31%
Renda fixa-0,44%2,11%
Ações0,36%3,60%
Custos-0,07%-1,32%
Resultado do fundo0,18%8,79%

Fonte: Verde Asset

Segundo a gestora, em agosto, o fundo teve perdas com as operações de juros americanos, com a pequena exposição vendida em dólar (apostando na desvalorização da moeda americana), e com a aposta errada na diminuição das curvas de juros futuro no Brasil.

“Os mercados sofreram uma série de choques ao longo deste conturbado mês. Em escala global, houve novo recrudescimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, com nova rodada de aumentos de tarifas e escalada retórica. Isso impactou de maneira importante os ativos de risco, e deu renovado fôlego para o dólar se valorizar (e a moeda chinesa se desvalorizar)”, explica a gestora na carta mensal.

A estratégia do fundo foi, então, zerar a proteção no mercado americano, aproveitando a volatilidade de meados do mês.

“A posição aplicada em juro real se manteve estável, e mantivemos a posição tomada em inclinação de juros nos EUA (apostando em corte ainda este ano). A posição vendida no dólar contra o real via opções foi aumentada ao longo do mês”, explica.

Entre os principais acontecimentos do mês, a carta também traz o resultado das primárias eleitorais na Argentina, que praticamente sacramentaram o retorno do peronismo/kirchnerismo ao poder, o que fez o peso argentino cair fortemente em relação ao dólar.

Além disso, comentou sobre as “declarações inusitadas” do presidente Jair Bolsonaro sobre a Amazônia, o que, em sua opinião, pode ter algum impacto negativo nas relações externas do país, e a melhora do PIB (Produto Interno Bruto).

“A soma de todos esses fatores provocou reações relevantes nos mercados, com queda das bolsas, forte valorização do dólar, e alguma abertura de juros, causada pela volta do questionamento sobre a margem de manobra que o Banco Central tem”, diz.

Mesmo assim, a gestora acredita que há espaço para tomar mais risco.

“Temos visto mais oportunidades de aumentar do que diminuir o risco dos portfólios, mas a complexidade do ambiente nos mantém permanentemente de sobreaviso”, conclui.

Fonte: Valor Investe