09/04/2020

A pandemia terá efeitos muito negativos sobre o crescimento global em 2020, afirmou a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva

A pandemia do novo coronavírus terá efeitos muito negativos sobre o crescimento global em 2020, desencadeando a maior recessão desde a Grande Depressão de 1929, afirmou a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. Para 2021, a previsão é de “recuperação parcial”, mas apenas se a covid-19 for controlada no segundo semestre deste ano.

Em pronunciamento feito nesta quinta-feira, uma espécie de prévia do que será apresentado no relatório World Economic Outlook na próxima terça-feira, Georgieva fez previsões mais sombrias sobre os impactos sociais e econômicos da covid-19 do que nas declarações das últimas semanas.

Embora tenha elogiado os esforços dos vários governos de todo o mundo, que já desembolsaram US$ 8 trilhões em medidas de estímulo fiscal desde o início da crise, Georgieva afirmou que será preciso mais dinheiro para mitigar os impactos da pandemia sobre a economia global.

A crise atingirá especialmente os mercados emergentes e os países em desenvolvimento, segundo a diretora-gerente do FMI, que prevê que eles precisarão de centenas de bilhões de dólares em ajuda externa. Mas ninguém escapará ileso.

“A perspectiva sombria se aplica às economias avançadas. Esta crise não conhece fronteiras. Todo mundo sofrerá”, afirmou Georgieva no pronunciamento.

Nos últimos dois meses, mais de US$ 100 bilhões saíram dos mercados emergentes, de acordo com o FMI. O montante é três vezes maior do que o registrado na crise financeira global de 2008-2009.

Segundo Georgieva, há três meses, o FMI esperava um crescimento da renda per capita em mais de 160 países. Com a pandemia, tudo mudou. Agora, a entidade prevê que 170 países terão perda na renda per capita neste ano.

A previsão de recuperação em 2021 também pode ser alterada no futuro. “Eu enfatizo que há uma tremenda incerteza sobre as perspectivas: isso pode piorar dependendo de muitos fatores variáveis, incluindo a duração da pandemia”, disse ela.

Para garantir que essa recuperação, Georgieva pediu investimentos para conter o vírus e reforçar os sistemas de saúde. Controles de exportação também devem ser evitados, já que poderiam atrapalhar o fluxo de equipamentos médicos vitais e alimentos.

Georgieva reiterou que o FMI está disposto a usar sua capacidade de empréstimo de US$ 1 trilhão para enfrentar a crise. E anunciou que o fundo emergencial da entidade foi reforçado, passando de US$ 50 bilhões para US$ 100 bilhões, para atender aos pedidos de ajuda de mais de 90 países.

Fonte: Valor Investe