
A China informou nesta segunda-feira que habilitou mais 25 frigoríficos brasileiros a exportarem carnes bovina (17 plantas), suína (uma) de frango (seis) e de jumento (uma) a seu mercado.
As habilitações foram definidas a partir de inspeções realizadas pela primeira vez por videoconferência, modelo que dispensa auditoria presencial de técnicos chineses nos estabelecimentos.
O número total de autorizações é inferior ao que pretendia o governo brasileiro. Em maio, após visita a Pequim da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a pasta enviou uma lista com 30 unidades a serem habilitadas.
O Valor apurou que o GACC, órgão do governo chinês responsável pela defesa agropecuária, detectou inconformidades em algumas plantas sugeridas pelo Brasil, mas indicou que deverá habilitar um número maior de frigoríficos no futuro.
O anúncio das novas habilitações foi uma surpresa para o governo brasileiro. Inicialmente, Brasília esperava o sinal verde em agosto, mas, frustrada essa expectativa, passou a aguardar que a medida fosse anunciada apenas durante visita do presidente Jair Bolsonaro à China, no fim de outubro.
Segundo uma fonte a par do assunto, a necessidade da China de garantir oferta adicional de carnes por causa da epidemia de peste suína africana em seu território pesou para que o anúncio fosse feito hoje.
Dos 25 novos frigoríficos habilitados, seis pertentem a empresas com ações listadas na B3. BRF, Marfrig Global Foods e Minerva Foods tiveram, cada uma, duas unidades aprovadas por Pequim. A JBS, que já contava com o maior número de abatedouros autorizados, não teve novas plantas habilitadas.
No caso da BRF, a China autorizou as exportações de carne suína e de carne de frango produzidas na unidade de Lucas do Rio Verde (MT). Para a Marfrig, Pequim habilitou os frigoríficos de Tangará da Serra (MT) e Várzea Grande (MT). A Minerva, por seu turno, recebeu autorização para exportar a partir das unidades de Rolim de Moura (RO) e Palmeiras de Goiás (GO).
Com as novas habilitações, informou o Ministério da Agricultura, o número total de frigoríficos autorizados a vender seus produtos à China passou de 64 para 89.
A China já é o principal destino das exportações brasileiras de carnes. Junto com Hong Kong, absorve mais de 40% dos embarques totais do país. Fontes diplomáticas estimam que, com as novas habilitações, os embarques poderão crescer em quase US$ 1 bilhão por ano.
Ao Valor, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse esperar que mais auditorias sejam feitas em breve pelos chineses em frigoríficos brasileiros e que novas plantas sejam habilitadas pelo país asiático.
Ela comemorou as autorizações anunciadas hoje. “A gente tinha pedido 30 plantas. Avaliaram 25, mas devem analisar mais 9. Espero que sejam feitas mais auditorias para, quem sabe, a China habilitar mais plantas ainda”, afirmou a ministra. “Estávamos trabalhando desde maio. Bom que as autorizações vieram logo depois das auditorias”.
Tereza Cristina afirmou que o sistema de inspeção online se mostrou mais ágil, uma vez que, por meio de videoconferências, técnicos chineses acompanharam de Pequim, em transmissões ao vivo, auditorias feitas por fiscais do Ministério da Agricultura dentro das linhas de produção de frigoríficos no Brasil. Mas, segundo a ministra, a qualidade do sinal das transmissões precisa melhorar para as próximas auditorias.
“Essa inspeção traz menos custo para a gente e se mostrou bem-sucedida”, destacou.