03/06/2020

Diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, por outro lado, sugere que aumento de gastos pode mudar esse quadro no médio prazo

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, disse que o Brasil está longe ainda do “effective lower bound”, ou seja, do limite mínimo a que os juros podem chegar para efetivamente estimular a economia, sem que, para isso, a inflação fique descontrolada. E que, portanto, há espaço para continuar baixando a Selic.

A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta num webinar sobre como o Banco Central pretende usar os poderes conferidos pelo Congresso para comprar títulos públicos.

A argumentação de Kanczuk é que, como hoje ainda há espaço para baixar os juros se necessário, uma eventual compra de títulos públicos teria a função apenas de estabilizar mercados que estejam desfuncionais, e não de política monetária – embora ele tenha reconhecido que, no fim, uma eventual ação terá os dois efeitos.

“Nos Estados Unidos, não tinha espaço para baixar os juros, e fizeram QE ou twist. Eles comprimiram a curva de juros”, afirmou Kanczuk, diante evento da American Chamber of Commerce. “Mas estamos muito longe do ‘effective lower bound’ e podemos fazer estímulos baixando a Selic.”

Por outro lado, no médio prazo, Kanczuk entende que a resposta fiscal (aumento dos gastos) na crise poderá interromper a trajetória de queda da taxa neutra de juros, que começou com as reformas feitas nos últimos anos, como o teto de gastos.

Kanczuk indicou que a mensagem de política monetária da última reunião do Copom segue válida, a despeito da melhora nos mercados. Disse, por outro lado, que a indicação feita pelo comitê de um último corte de juros não maior que 0,75 ponto percentual em reunião em junho não indica um último piso possível para estímulos mais fortes.

Fonte: Valor Investe