08/06/2020
Ex-presidente do BC alerta para situação das contas públicas e para “tensão política crescente”

Arminio Fraga, sócio-fundador do Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central, está muito preocupado com a situação das contas públicas, contabilizados os gastos com a pandemia. Segundo ele, as contas não fecham e as pressões pelo aumento de gastos são crescentes.
“O governo não pode se acomodar achando que o Brasil é um Japão ou os Estados Unidos, que podem sair gastando sem grandes consequências”, disse. Em entrevista ao Valor Econômico, o ex-presidente do BC fala da combinação de três crises: a sanitária, a econômica e a política.
Ele também não esconde a inquietação com o risco de solvência da dívida pública, que deve encerrar o ano na casa dos 90% a 100% do PIB. Arminio traça um roteiro da insolvência. Ela começa, explica, com o encurtamento dos prazos dos títulos e, portanto, do prazo médio da dívida, diz.
Se nesse ínterim um ajuste em direção ao equilíbrio fiscal não for feito de forma convincente, a dívida vira uma quase moeda, com prazos muito curtos de vencimento e em valor superior às reservas cambiais.
Nessa etapa, prossegue, o risco de uma fuga para outros ativos ou moedas, aumenta. A pressão altista nas taxas de juros põe em risco a solvência do Estado, deixando apenas duas opções, segundo ele, “intragáveis”: uma superinflação ou um calote (nos detentores dos papéis), conclui. Armínio estava à frente do Banco Central em 2002 quando viveu uma situação parecida.
Fonte: Valor Investe