17/07/2020

Também pesam as dúvidas sobre a retomada da economia após a pandemia do novo coronavírus

A queda da taxa Selic, hoje em 2,25% ao ano, para sucessivas mínimas históricas nos últimos meses ainda não é suficiente para alavancar o investimento no Brasil, opinam economistas. Apesar de, em tese, o custo do dinheiro ter barateado, o financiamento de longo prazo segue como um desafio para o setor produtivo.

Também pesam as incertezas sobre a retomada da economia após a pandemia do novo coronavírus e os ruídos do governo na área ambiental e no setor externo, que afastam o investidor estrangeiro.

“Continuamos a não ter no país financiamento de longo prazo, acima de dez anos. Ainda dependemos fundamentalmente do BNDES”, afirma Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B. Ele lembra que o próprio governo enfrenta dificuldades no perfil do endividamento público. “A dívida pública passa por um enorme encurtamento em sua estrutura. Quando o próprio Tesouro tem enorme dificuldade em emitir títulos longos, não há tomador [no mercado] de títulos longos”, explica.

A retórica contundente do governo também é um fator que contribui para certa desconfiança do capital externo, que poderia ajudar a alavancar projetos de infraestrutura. “No fundo, temos um certo extremismo que coloca o nosso país no isolamento que não é só econômico, é político”, diz Frischtak.

Fonte: Valor Investe