02/10/2020
Segunda-feira (5), começa a 4ª edição da Semana Mundial do Investidor. Cerca de 56% dos brasileiros entraram nessa pandemia sem nenhum centavo guardado. E, dos que conseguiram a proeza de poupar alguma coisa ano passado, apenas 10% investiram em produtos financeiros.
Uma cultura se constitui ao longo do tempo, e ela reflete a união de hábitos, comportamentos e manifestações de uma sociedade. No Brasil muito se fala da baixa cultura de poupança e investimento da sua população. Com inúmeras consequências, essa cultura foi tolerada por um cenário econômico bem diferente do que vivemos hoje.
Atualmente, com uma taxa de juro baixa, maior volatilidade dos mercados e o alto índice de desemprego e comprometimento da renda, criou-se o pano de fundo perfeito para se olhar de frente os desafios que precisam ser enfrentados para mudar tais traços culturais.
Segunda-feira (5), começa a 4ª edição da Semana Mundial do Investidor. Uma espécie de virada cultural, voltada para o universo dos investimentos. Essa é uma iniciativa da IOSCO (International Organization of Securities Commissions), entidade que reúne reguladores e autorreguladores mundo afora.
No Brasil, essa semana é liderada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O principal objetivo dessa reunião de esforços de iniciativas público e privada é levar uma maior conscientização sobre a importância de poupar mais, investir melhor e de prevenir o avanço das fraudes financeiras.
Talvez você esteja lendo pela primeira vez a esse respeito, mas o fato é que a cada ano a Semana Mundial do Investidor ganha mais adeptos. Mais e mais instituições se unem em torno dessa causa urgente, explicitada por alguns números.

Como já falei por aqui, 56% dos brasileiros entraram nessa pandemia sem nenhum centavo guardado. A pesquisa Raio-X do Investidor da Anbima traz não apenas esse número alarmante. Ela mostra que, dos que conseguiram a proeza de poupar alguma coisa ano passado, apenas 10% investiram em produtos financeiros.
Além disso, apenas 28% concordam plenamente que os investimentos podem trazer alguma tranquilidade futura, mesmo a maioria pretendendo se aposentar antes dos 65 anos e apenas 9% já possuírem alguma grana guardada para este fim.
Outro dado que preocupa, e que precisa ser levado em consideração entre os desafios, é a longevidade brasileira. Em uma geração avançamos na expectativa de vida, o que muitos países levaram um século para conquistar.
A expectativa média de vida do brasileiro passou de 63 anos em 1980 para 76 anos em 2018, segundo dados do IBGE. Se por um lado há a boa notícia da vida longa, do outro estão os desafios financeiros a serem enfrentados por aqueles que, felizmente, viverão muito mais.
Para fechar o rol de desafios, estão os números crescentes dos golpes financeiros. No ano passado, apenas a CVM, registrou 371 fraudes. Esse ano, somente até julho esse número já passa de 210. São crimes que comprometem a poupança popular e deixam sequelas que vão além do prejuízo financeiro.
Em resumo, os dados são desafiadores, mas os esforços para melhorá-los, promissores. Os motivos que nos levam a essas estatísticas são heterogêneos: vieses comportamentais, condições econômicas, ganância, baixo nível de educação financeira e compreensão sobre os instrumentos disponíveis e traços de uma cultura. Já o instrumento de combate a tudo isso é único: a informação. E é isso que a semana que vem mais terá a oferecer.
Fonte: Valor Investe