10/06/2020

Fabio Kanczuk reforçou que acredita que a meta pode ser descumprida caso, em momentos de choques mais fortes, não sejam feitas mudanças rapidamente

Os benefícios de mudanças maiores na taxa básica de juros compensam, em momentos como o atual, os riscos de uma postura mais conservadora, segundo o diretor de política econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk.

Ele participou ontem de “live” do Credit Suisse. Foi a última comunicação oficial de um membro do Comitê de Política Monetária (Copom) antes da reunião da semana que vem. O colegiado entra hoje em período de silêncio.

“Em um momento de choques grandes, como é a pandemia, esse custo de não mexer nos juros, de ficar longe da meta [de inflação], é mais afetado do que o benefício de não mexer”, disse. A Selic está em 3% ao ano.

Desde a última reunião, realizada em maio, membros do Copom vêm sinalizando que, dependendo da conjuntura econômica e do quadro fiscal, podem realizar novo corte, de até 0,75 ponto percentual, na semana que vem. Na reunião anterior, o colegiado já havia cortado 0,75 ponto.

Kanczuk ponderou que há riscos em mudar de forma mais brusca a taxa básica. “O custo de chacolhar a Selic é gerar incerteza no mercado, talvez eliminar seu poder futuro de mexer na curva de juros.” Mas reforçou que acredita que a meta pode ser descumprida caso, em momentos de choques mais fortes, não sejam feitas mudanças rapidamente. No ano que vem, considerado pelo BC como o horizonte relevante à política monetária, a meta de inflação é 3,75%. “Não posso errar a meta, tenho meu mandato. Quero fazer a coisa suave, mas nem tanto.”

Fonte: Valor Investe