14/05/2020

A diretora ainda destaca “potenciais limitações” às políticas fiscal e monetária, comparando a situação do Brasil em quatro aspectos com a de outros cinco países emergentes: México, Chile, Colômbia, Peru e África do Sul

Dados divulgados em maio já indicam um “aprofundamento” dos impactos da pandemia sobre a atividade econômica no Brasil, segundo a diretora de assuntos internacionais e riscos coorporativos do Banco Central (BC), Fernanda Nechio.

Ela participa na manhã desta quinta-feira de videoconferência com representantes da Amcham para debater as medidas adotas pela autoridade monetária desde o início da crise.

Em apresentação divulgada pelo BC, Fernanda destaca que os índices gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês), tanto para os serviços quanto para a indústria, divulgados em maio já apresentam forte queda.

Já o Indicador de Incerteza Econômica da Fundação Getulio Vargas (FGV) teve alta, tanto na comparação mensal quanto na média móvel de seis meses.

“Indicadores apontam para aprofundamento da desaceleração”, diz a apresentação.

Ela também apresenta dados da Cielo que mostram, entre 3 de maio e 9 de maio, “forte queda” no varejo. Na comparação com os mesmos dias de fevereiro deste ano, houve recuo em bens não duráveis (17,6%), duráveis (43,5%) e serviços (70,5%). O recuo médio do varejo, por sua vez, ficou em 30,1%.

Na parte da apresentação dedicada à política monetária, Fernanda cita um “horizonte de grandes incertezas”, formado por: perdas de pessoas e capital; duração dos períodos de restrições de movimento; velocidade de reversão nas restrições; velocidade de recuperação da economia; duração de medidas fiscais, considerada por ela um fator especialmente relevante em países com espaço fiscal limitado.

A diretora ainda destaca “potenciais limitações” às políticas fiscal e monetária, comparando a situação do Brasil em quatro aspectos com a de outros cinco países emergentes: México, Chile, Colômbia, Peru e África do Sul.

A taxa básica de juros no Brasil, por exemplo, em 3% ao ano, é a terceira menor dentro do grupo. Já o prêmio de risco, medido pelo credit default swap (CDS) de cinco anos, é o segundo maior, perdendo apenas para a África do Sul.

Por sua vez, a dívida líquida no Brasil é a mais alta, atingindo 58% do Produto Interno Bruto (PIB), seguida pela África do Sul, em 55%. Nesse casos, ambos os países apresentam as maiores taxas de juros de cinco anos, pouco acima dos 6% e 8%, respectivamente, segundo a apresentação.

Por fim, a diretora afirma que a covid-19 apresenta “contaminação crescente em o todo país”.

Fonte: Valor Investimento